Fornecimento de GNL para a Europa poderia beneficiar o Brasil
Com o avanço da crise energética na Europa, o Brasil pode se tornar uma alternativa para o fornecimento de GNL no continente.
Os conflitos entre Rússia e Ucrânia impactaram o abastecimento de países vizinhos, que agora buscam opções para continuarem atendendo a demanda.
Nesse cenário, especialistas apontam que a produção brasileira pode se tornar uma solução para a Europa, e já existem cotações com fornecedores estrangeiros.
Entenda como o fornecimento de GNL pode beneficiar o Brasil, e qual o posicionamento dos governantes europeus frente à crise.
O Brasil pode se tornar uma alternativa de fornecimento de GNL
O Brasil pode ser uma alternativa de fornecimento de GNL para a Europa, aponta o consultor Eduardo Antonello, fundador da Golar Power e da Macaw LNG.
Para o especialista, uma aproximação junto ao Brasil poderia ser interessante para os europeus, devido a necessidade de diversificação no suprimento de GNL e ao potencial brasileiro.
Como referência, nos níveis atuais de preço de GNL, se o Brasil vendesse 70 milhões de m³ de gás, atualmente injetados a um preço de US$30/mmBtu, isso representaria um faturamento bruto anual de US$30 bilhões de dólares.
Este é praticamente o mesmo volume financeiro proveniente da venda projetada de minério de ferro para 2022, como indica o consultor.
Assim, embora o Brasil ainda esteja desenvolvendo suas construções e terminais de gás natural, o fornecimento de GNL para a Europa poderia ser uma alternativa.
Crise energética na Europa e a Guerra da Ucrânia
A necessidade de buscar outros fornecedores de GNL no exterior surgiu dos conflitos entre Rússia e Ucrânia. Isso porque a Rússia era a principal abastecedora do continente e com os conflitos, rompeu com a produção quando a União Europeia não apoiou suas investidas. Dessa forma, a Europa passou a sofrer com menos quantidade de GNL para suprir suas necessidades.
Além disso, recentemente, danos aos dutos Nord Stream, que ligam a Rússia à Alemanha, geraram vazamentos que agravam a crise, principalmente na Alemanha. De acordo com a Folha de São Paulo, os prejuízos são sem precedentes, e comprometeram o principal canal de abastecimento. Nesse cenário, o fornecimento de GNL do Brasil se torna uma solução para a crise, por conta dos terminais a serem construídos e do volume disponível para exportação.
Fornecedores de GNL para a Europa
Em busca de alcançar uma maior independência energética, a Europa já avalia outros fornecimentos de GNL. Em 2021, a UE comprou mais de 155 mil milhões de metros cúbicos de gás russo importado. Contudo, passou a procurar uma maior flexibilidade e diversidade de produtores. Assim, em março de 2022, assinou um acordo com os Estados Unidos para o abastecimento de mais 15 milhões de metros cúbicos de GNL até o final do ano.
No início de junho, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, viajou para o Oriente Médio, assinando um memorando que aumenta o abastecimento por meio do Egito e de Israel. Entretanto, os acordos são flexíveis, o que significa que existe a possibilidade de utilizar outros fornecedores se os países não cumprirem com as demandas prometidas.
Existe expectativa de aliança com o Brasil?
A aliança com o Brasil para o fornecimento de GNL ainda não foi descartada, e pode ser uma oportunidade de expandir o mercado internacionalmente. Essa aliança iria movimentar bilhões de dólares no cenário nacional, além de incentivar os investimentos em fontes alternativas de energia.
Com isso, seria possível oferecer mais empregos e girar a economia interna, além de aproximar o Brasil de uma das potências globais em termos políticos, financeiros e sociais. Por esse motivo, é importante acompanhar o cenário e não descartar a possibilidade de acordo com o Brasil no futuro.