Saiba mais sobre os vazamentos no Nord Stream, a crise energética na Europa e as oportunidades para o Brasil
Vazamentos ainda não explicados nos gasodutos Nord Stream 1 e 2 devem fazer com que a Europa busque independência energética permanente.
É isso que apontam especialistas ao avaliarem a situação dos principais condutores que ligam a Rússia à Alemanha, cujo acidente foi registrado no final de setembro.
Embora alguns governos europeus estejam reavaliando suas posições geopolíticas perante a Rússia, cogitando voltar atrás nos embargos para retomar o fornecimento de gas natural russo, os danos causados nos gasodutos podem não tornar isso possível.
Entenda mais sobre o caso Nord Stream e veja a opinião de especialistas sobre o assunto quanto à busca pela independência energética na Europa após o ocorrido.
Quais são as causas dos vazamentos nas tubulações Nord Stream?
A Europa ainda está tentando determinar a causa dos vazamentos nas tubulações Nord Stream, que estavam inativas desde setembro de 2022, por conta do impasse energético com a Europa devido à invasão da Ucrânia pela Rússia.
Os vazamentos não representam ameaça à oferta energética, visto que a Rússia já não estava fornecendo gás pelas tubulações, e especialistas indicam que o impacto ambiental será limitado, embora a recuperação da atividade possa levar mais de 1 ano, como indica o portal G1. Especialistas apontam que os consertos podem não acontecer.
“Após os enormes danos causados nos dutos, um retrocesso nos embargos de nada adiantaria num curto prazo, visto que o reparo seria custoso e muito demorado”, explica Eduardo Antonello, consultor de energia.
A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, também cogitou uma ação criminosa para causar os vazamentos na Nord Stream. No entanto, as autoridades ainda estão avaliando a situação, e não existem informações que confirmem essa hipótese.
A crise energética e os conflitos entre Rússia e Ucrânia
Os vazamentos da Nord Stream são apenas um dos capítulos na crise energética recente que vem sendo vivenciada na Europa.
Essa situação vem se alastrando desde o início dos conflitos entre a Rússia e a Ucrânia, que prejudicou o abastecimento de gás natural para os demais países, uma vez que as produtoras russas eram as principais responsáveis pelo fornecimento.
Com a guerra instaurada entre os dois territórios, diversos locais da Europa passaram a vivenciar momentos de crise energética, que inclusive, impactaram no mercado de GNL. O acidente na Nord Stream irá apenas reforçar a situação instável vivenciada entre os países.
“Após esse incidente, provavelmente a relação entre a Rússia e a Europa nunca mais será a mesma, e independente da postura dos novos governantes a Europa vai ter que buscar independência energética de forma permanente”, comenta Eduardo Antonello.
Agora, a Europa busca outros fornecedores de GNL, uma diversificação estratégica importante para administrar a crise.
Novas oportunidades para o Brasil
A busca por novos fornecedores, inclusive internacionais, é uma oportunidade interessante para o Brasil, que pode se consolidar no mapa internacional.
Para Antonello, esse é o momento de uma aproximação estratégica entre a Europa e o mercado brasileiro.
Embora o país apenas importe GNL no momento, a conclusão do gasoduto Rota 3, Rota 4, SEAL, BMC-33 entre outros em desenvolvimento, o Brasil poderá ter um aumento significativo na produção e consequentemente poderia se tornar um exportador.
“Somente como referência, nos níveis atuais de preço de GNL, se o Brasil vendesse esses 70 milhões de m3 de gás sendo atualmente injetados a um preço de USD 30/mmBtu, isso representaria um faturamento bruto anual de USD 30 bilhões de dólares.Ou seja, praticamente o mesmo volume financeiro proveniente da venda projetada de minério de ferro para 2022”, explica o especialista em energia.
O que esperar dos próximos meses?
Para os próximos meses, o cenário espera uma conclusão quanto aos vazamentos da Nord Stream, indicando um possível culpado ou os motivos que levaram ao rompimento das tubulações.
No entanto, de forma paralela, é possível aguardar uma movimentação mais intensa no mercado de GNL, sendo uma oportunidade interessante para o Brasil se aproximar de grandes compradores, como indicam especialistas.
Assim, vale a pena acompanhar o cenário e se atentar para o desdobramento de novas relações comerciais.